A vexilologia (do latim vexilum – bandeira e do grego logos – estudo) revela o simbolismo encarnado nas bandeiras e demonstra os elementos significativos da formação do caráter de uma nação.
Historiadores apontam a idade média como a gênese das bandeiras, relatando que eram utilizados pedaços de tecido coloridos, com sinais distintivos hasteados num estandarte. Visava evitar o fogo amigo entre aliados, quando no campo de batalha. Com o tempo, tornaram-se símbolos de poder e comando. Com a evolução do Estado e o abandono do sistema de poder centrado no monarca, elas passaram a representar a simbologia das lutas e conquistas de um povo, politicamente organizado como nação, forjando no subconsciente social o senso patriótico que se transmite de geração a geração.
O patriotismo conduz à unicidade de um povo. Exprime o sentimento de amor e devoção à Pátria e seus símbolos (como a Bandeira, o Hino Nacional, o Hino da Independência, etc.), os quais representam as lutas de outrora e ressaltam a superação de uma nação. Neles está encarnada a própria história, exaltando os sacrifícios dos antepassados. Isto desperta nas futuras gerações o altruísmo, o desejo de defender os interesses comuns, os grandes vultos e fatos da história e, principalmente, a vontade de manter a integração social.
A Bandeira brasileira mantém a tradição das antigas cores nacionais. Poucos são aqueles que compreendem os significados encerrados neste augusto símbolo que a grandeza da pátria nos traz. O Brasil emergiu no meio das nações independentes, como nação livre e soberana, com o brado às margens do rio Ipiranga que fez ecoar, por todo território nacional, nossa independência, rompendo definitivamente os grilhões coloniais que nos prendiam a uma nação remota, pequena e debilitada e sem forças para nos defender ou ainda nos conquistar.
As nações do mundo que mantinham os olhos sobre nós viram nascer um impávido colosso e forjado pelas mãos da natureza, de cujo ventre se ergueu uma nação de homens livres e dignos de o ser, os quais consagraram D. Pedro I imperador. Por causa disso, a primeira bandeira nacional (e que serviu de inspiração à atual) ostentou o brasão e armas representativos do império brasileiro. Na sua estrutura, o retângulo verde fazia alusão à casa de Bragança, representação da família do imperador, e o amarelo simbolizava à casa de Habsburg-Lorena, pertencente à família de D. Leopoldina, a companheira do primeiro Monarca do Brasil.
Com a proclamação da república, em 15/11/1889, o pendão da esperança foi reformulado e aprovado pelo Decreto n.º 4, de 19 de novembro de 1889. À nova Bandeira foram dadas novas interpretações. O brasão e armas representativos do império brasileiro deram lugar a um círculo azul, no meio do qual está atravessada uma faixa na cor branca, a qual ostenta o lema ordem e progresso, em letras maiúsculas. Dentro do globo jazem, atualmente, 27 estrelas, representando os 26 Estados e o Distrito Federal, como membros integrantes da federação brasileira. Os posicionamentos das estrelas possuem outros significados, inclusive astrológicos, mas este é assunto para outro momento.
As cores iniciais que representavam a família imperial passaram a ter novos significados. Assim, o verde simboliza a rica flora brasileira espalhada pelo território nacional e exalta a imensa diversidade das nossas matas; o amarelo representa as riquezas do país cujo solo ostenta profícua fertilidade e minérios preciosos, os quais são cobiçados mundo afora; o azul retrata o céu e os caudalosos rios que rasgam no território e são as artérias que a tudo irriga e faz prosperar a esperança; e, por fim, o branco significa que a nação possui o desejo pela paz, mas, mesmo sendo uma nação pacifica, se em tempos de opressão erguer da injustiça o tacape da tirania, nenhum filho fugirá à luta, pois em defesa desse solo sagrado não temerá a própria morte.
A divisa ORDEM E PROGRESSO exprime o positivismo filosófico de Augusto Comte. Referido lema reflete a aspiração e a inclinação política brasileira ao conhecimento científico daquela época. A citada corrente surgiu na França no inicio do século XIX. Ela preconizava a ideia de que o conhecimento científico seria o único conhecimento verdadeiro, posto que se poderia explicar as coisas práticas à luz da razão.
Enquanto doutrina filosófica, sociológica e política, o positivismo toma a matemática, a física, a astronomia, a química, a biologia e a sociologia como modelos científicos, porque estas se destacam segundo seus valores cumulativos e transculturais. Exprime a fé na prevalência da razão do conhecimento e da ética humana, onde não se explica o “porquê” das coisas a partir do domínio das leis de causa e efeito.
A expressão ORDEM E PROGRESSO é a síntese do pensamento político positivista expressado por Auguste Comte na frase: “O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim”. Seu teor exalta ideais republicanos, na perspectiva de sedimentar as condições sociais básicas, tendo o respeito como um valor sublime e o melhoramento do país em termos materiais, intelectuais e, acima de tudo, morais.
Assim, as cores da bandeira brasileira, independentemente da forma de governo, simbolizam a perpetuidade e integridade do povo e da nação nas suas mais variadas manifestações. Do Oiapoque ao Chuí ela exalta a autodeterminação do povo brasileiro, como nação livre e soberana e que ama seu semelhante, independente das diferenças regionais e culturais existentes.
Nesse momento eleitoral, onde se aflora uma divisão do país, é mister se fazer relembrar o importante significado de nossa bandeira, cuja cor branca nos traz o sentimento e o desejo de paz, assim como o losango amarelo, herdado da primeira bandeira, que representa a mulher, como mãe, esposa, irmã e filha, simboliza o amor maior e incondicional que devemos demonstrar aos nossos irmãos, na qualidade de filhos de uma única pátria.
O respeito à bandeira é uma virtude que transcende o simples respeito às tradições. Ele deve expressar o sentimento de pertencimento, cujo vértice assegura os meios inalienáveis para desenvolvimento intelectual, moral e social de cada individuo. O cidadão respeitoso é aquele que reconhece na sua bandeira a sua história e da sua pátria. Quem se conscientiza desses valores age voluntariamente e não pergunta o que seu país fará por ele, mas o que ele pode fazer por seu país.
Essas considerações trazem a percepção do real significado de nossa bandeira, os valores que ela representa, o porquê a ostentamos e jamais permitimos que ela se abata. Ao verdadeiro patriota é indescritível as reações emotivas e orgulhosas quando se prostra diante deste impoluto símbolo nacional. Trata-se de um sentimento que se encontra com inúmeras outras virtudes, como a gratidão, a humildade e o altruísmo. Por esses motivos, o Hino da Bandeira magistralmente expressa que:
“Sobre a imensa Nação Brasileira
Nos momentos de festa ou de dor
Paira sempre sagrada bandeira
Pavilhão da justiça e do amor!
[…]
Querido símbolo da terra
Da amada terra do Brasil!”
Historicamente, a nação brasileira sempre se pautou pela liberdade e pela solução pacífica dos conflitos, justificando assim a introdução da cor banca no coração da bandeira nacional, ao passo que jamais adotou qualquer traço da cor vermelha, cuja simbologia exalta a paixão, a energia e excitação, sempre associada ao poder, à guerra, ao perigo e à violência.
Sob a compreensão religiosa, a cor vermelha faz alusão ao fogo, ao sangue e ao coração humano, indicando a predisposição à excitação sexual e às tentações que corrompem o espírito humano e o desvia dos desígnios divinos. No campo político, liga-se ao sentimento revolucionário e a inflexibilidade beligerante. No que tange à decoração de interiores, ela traz o glamour, o requinte e estimula a libido, mas em excesso promove inquietações, nervosismos e confusões.
Isto nos faz entender a razão dos brasileiros irem, voluntariamente, às ruas e bradar em alto e bom som, que nosso augusto pendão da esperança, JAMAIS SERÁ VERMELHO, pois os nossos valores, representados no vulto sagrado do pavilhão nacional, não podem ser substituídos por nenhuma ideologia propagada ao vento, na defesa de interesses que não satisfazem a nossa concepção de nação.
É isto que faz crer que, enquanto houver honra e patriotismo, haverá esperança…
Autores:
Miqueas Liborio de Jesus
É Auditor Fiscal da Receita Municipal de Joinville, ex Julgador da Junta de Recursos Administrativos Tributários – JURAT e Professor de Direito Tributário. Graduado em Ciências Jurídicas (Direito) pela Universidade da Região de Joinville – Univille e especialista em direito tributário (MBA) pela Fundação Getúlio Vargas.
Paulo Tsalikis
Formado em Ciências Contábeis, com especialização em Controladoria e Finanças. Atualmente é Auditor Fiscal da Receita Municipal de Joinville, atua na Auditoria do índice do ICMS e é membro julgador na Junta de Recursos Administrativos Tributários do Município de Joinville – JURAT e Conselheiro Julgador do Movimento Econômico nomeado pelo Secretário da Fazenda do Estado de Santa Catarina.
21 Comments
[…] em: https://www.miqueasliborio.com.br/2864-2/ – acesso em […]
no parágrafo que diz assim: ”Enquanto doutrina filosófica, sociológica e política, o positivismo toma a matemática, a física, a astronomia, a química, a biologia e a sociologia como modelos científicos, porque estas se destacam segundo seus valores cumulativos e transculturais. Exprime a fé na prevalência da razão do conhecimento e da ética humana, onde não se explica o “porquê” das coisas a partir do domínio das leis de causa e efeito.” Qual seria o por que?
Prezada Isabela, bom dia.
Agradecido pelo comentário e pelo questionamento. Vamos ver se consigo esclarecer.
Respondendo de forma objetiva, o positivismo parte do pressuposto de algo estabelecido, aonde o resultado a ser alcançado possui o lógica do início, meio e fim. Exprime o pensamento de Augusto Conte, cujo pensamento propões propõe a ordenar as ciências experimentais, a partir do do conhecimento humano como síntese da prevalência da razão e em detrimento das meras especulações. Eis o motivo pelo qual se preconizava a ideia de que o conhecimento científico, posto que se poderia explicar as coisas práticas à luz da razão.
Espero ter conseguido esclarecer.
Um forte e fraterno abraço e, mais uma vez, agradecido pelo comentário.
Que texto mais irracional e inclinado politicamente. A bandeira nacional não pertence a nenhum político ou partido. É um dos símbolos nacionais, inapropriadamente apoderando por uma ideologia tresloucada de um homem desequilibrado, apoiado por sua familicia. A bandeira pertence ao POVO BRASILEIRO. O que vocês não compreenderam disso?
Prezado Rogério.
Agradecido pela visita e pela leitura.
Pergunta: tu também queima a Bandeira Nacional e a pinta de vermelha?
Parabéns aos autores do belo texto não só pelo conteúdo, mas pela relevância à sociedade e ao momento histórico.
Estimado Adalberto.
Grato pelo vosso comentário…
Um forte abraço
As datas da proclamação da pergunta estão erradas
Prezado Miguel, boa tarde.
Agradecido pelo precioso apontamento.
De fato estava errada, pois constava 1989 ao invés de 1889.
Retificação efetuada.
Um forte e fraterno abraço.
Bandeiras dos EUA, Noruega e Japão, e tantos outros países desenvolvidos possuem vermelho, e nada tem a ver com a analogia que fizeste a cor. Faria diversas outras observações em outros trechos, mas não vim criticá-lo, vim elogiar sua capacidade de tentar conceituar sociedades inteiras considerando unicamente um símbolo. Nem um historiador teria tamanha audácia. Texto e pesquisa muito bem elaborados, mas com viés ideológico nada inteligente.
Prezado Sr. Pedro.
Grato pelo vosso comentário e observação. Fico feliz por ter lido e postado vossa valiosa crítica, na acepção positiva da palavra.
O texto expressa o meu posicionamento acerca de um momento político que atravessamos. Ele não tem a pretensão de modificar nenhuma convicção. Também não significa uma verdade absoluta. Serve como meio de reflexão para aqueles que se amoldam neste ou naquele viés político-ideológico, sejam eles inteligentes ou não.
Um forte e fraterno abraço.
Prezado Miqueas, irrompe a brasilidade em nós ante a ameaça de força antagônica ao nosso nacionalismo fundado em valores morais que originaram essa miscigenação, única no mundo, chamada Brasil. Esses valores nos são caros e a cada dia vão sendo despertados e fortalecidos na consciência de cada pessoa que deseja o bem, a igualdade de oportunidades e a liberdade para empreender seus sonhos no solo pátrio. A tirania que usurpa e oprime esta nação através dos poderes do Estado está com os dias contados no calendário divino. Tenhamos, pois paciência e persistência para não mancharmos nossas mãos e nosso solo, pois “quem com ferro, com ferro será ferido”. É da Lei da Natureza!
O sangue de Jesus tem poder. O vermelho que está presente nas veias de cada indivíduo representa vida. Não existe país, Pátria, Nação, sem observar que o lãs existem para dar terra, trabalho e vida a cada um deles. O vermelho da bandeira soviética e presente na russa de hoje, vem do amor, da alegria e coragem de um povo que, certamente, ao longo da sua história milenar também de sacrifícios e sangue.
Desculpe desqualificar a sua ideologização da hipocrisia da falsa extrema-direita brasileira de hoje, que nada mais reproduz um anseio totalitário de poder e dominação, racista, segregacionista e antissocial, que o bolsoidiotismo representa de pior. Augusto Comte ficaria envergonhado com esse uso desleal de sua filosofia positivista que, na essência, pregava desenvolvimento não somente sócio-econômico, mas – e principalmente – intelectual. Valeu seu esforço de dar algum significado a essa insanidade que extremistas fanáticos ditos de extrema-direita que, na realidade, são válvulas de escape para suas frustrações, pessoais ou coletivas, educação pobre ou enviesada. desvios de comportamentos contrários aos preceitos de vida social consagrada ao longo de civilizações. Por fim, não podemos esquecer que o arremedo que se fez na bandeira, preservou as cores da família real de Bragança, com a simples alteração do brasão imperial pelo que simbolizaria o da nova república, com a representação das provinciais que aderiram ao golpe militar de então. acrescido da frase que fazia alusão à filosofia corrente no planeta…Ordem e Progresso…
Prezado Sr. Laudivan Neves, Bom dia.
Primeiramente, agradecido por vossa visita ao meu humilde site/blog e, principalmente, pela crítica que se dispôs a manifestar.
Pelo vosso arrazoado, percebe-se a parca intelectualidade latente e, acima de tudo, vê-se que sois mais uma pessoa apaixonada pelos ideários deletérios e pseudos revolucionários da esquerda ou, melhor dizendo, extrema esquerda. Hilariamente, confundiu a cor velha do amor com o ódio que habita em vossa alma, visto que foi buscar na bandeira soviética o sustentáculo para vosso delírio. Esqueceu-se de dizer que os países que associaram a cor vermelha a foice e ao martelo, empreenderam as maiores atrocidades contra a humanidade; praticaram e continuam praticando um verdadeiro genocídio. Antes de vomitar vossa bílis deveria, antes de qualquer coisa, exercer o amor, justa expressão que aqui o Senhor deturpou. Para encerrar o assunto, nem vou dizer que deve ser eleitor e cabo eleitoral de uma certo ex Presidente, atualmente condenado e que se coloca como possível presidenciável em 2022. Parafraseando o cantor Lobão, seguir com o debate convosco e o mesmo como jogar xadrez com pombo.
Um forte abraço e que Pai Celestial ilumine vossos pensamentos.
Uma verdadeira oração patriota. Parabéns. Seria muito bom que as escolas adotassem.
Porque não explicou que a bandeira e as cores são as mesmas da casa de Bragança e que não tem nada de novo…hipocrita
Prezado Sr. Maurício Pedro dos Santos, bom dia.
Agradeço vosso infame comentário e a visita aos conteúdos deste humilde site/blog.
Apenas para responder: Sois analfabeto ou sois militonto mesmo? Creio que não leste duas linhas do texto; se leu não soube interpretar. De qualquer forma, tomo a liberdade de aqui colocar trecho do texto:
“[…]. As nações do mundo que mantinham os olhos sobre nós viram nascer um impávido colosso e forjado pelas mãos da natureza, de cujo ventre se ergueu uma nação de homens livres e dignos de o ser, os quais consagraram D. Pedro I imperador. Por causa disso, a primeira bandeira nacional (e que serviu de inspiração à atual) ostentou o brasão e armas representativos do império brasileiro. Na sua estrutura, o retângulo verde fazia alusão à casa de Bragança, representação da família do imperador, e o amarelo simbolizava à casa de Habsburg-Lorena, pertencente à família de D. Leopoldina, a companheira do primeiro Monarca do Brasil.
Com a proclamação da república, em 15/11/1889, o pendão da esperança foi reformulado e aprovado pelo Decreto n.º 4, de 19 de novembro de 1889. À nova Bandeira foram dadas novas interpretações. O brasão e armas representativos do império brasileiro deram lugar a um círculo azul, no meio do qual está atravessada uma faixa na cor branca, a qual ostenta o lema ordem e progresso, em letras maiúsculas. Dentro do globo jazem, atualmente, 27 estrelas, representando os 26 Estados e o Distrito Federal, como membros integrantes da federação brasileira. Os posicionamentos das estrelas possuem outros significados, inclusive astrológicos, mas este é assunto para outro momento.
As cores iniciais que representavam a família imperial passaram a ter novos significados.[…]”
No mais, desejo-lhe uma boa leitura e uma semana abençoada.
Amei este lindo artigo patriótico! O mesmo daria um ótimo áudiobook educativo, emocionante e claro… “Verde e Amarelo”.
Sr. Miqueas, você contribui muito para o nosso Brasil com este seu site/blog, e acredito que vc se daria muito bem com um canal no youtube tratando assuntos do tipo! Se criar me avise, certeza que me inscreverei 👍🏻
#Bolsonaro2022🇧🇷
Glenda, bom dia.
Agradecido pela visita e pelo comentário.
Abraços.
Brasil veio do vermelho do pau brasil. Mudem logo essa cor da bandeira. Lema do positivismo e cientificismo e o povo que se enrola para bradar essa bobagem é o mesmo que não quer se vacinar. Vão se tratar!
Bolsonaro inelegível. Rsrsrs
Prezado José Alexandre.
Agradecido pela visita e pela leitura.
Obrigado por manifestar sua inclação política. Espero que tenha se vacido direitinho (rsrsrs) e não seja mais um desses tolinhos que queimam a Bandeira Nacional. Ahh! Também espero que não ostente a bandeira LGBT(e o caralhau de letras) e defenda o Hamas ou “Estado Islâmico”. Vocês são ilários com essas hipocrisias.