Os postulados republicanos não se coadunam com a centralização do poder político nas mãos de uns e outros ou de certas ideologias político-partidárias. Desde o fim dos sucessivos governos militares (1964-1985), o poder político vem sendo exercido por uma casta de indivíduos que se revezam no poder, porém sem a devida alternância ideológica. Importante observar que o MDB é o único que jamais apeou dos altos postos da república. Sempre controlou o Congresso Nacional, nas suas Câmaras Alta e Baixa, assim como esteve nas bases do Poder Executivo, influenciando, controlando e ditando os passos a serem seguido. Foi e continua sendo a mão invisível que tudo controla e decide. Desde a primeira eleição direta, ocorrida em 1989, nenhum Presidente foi eleito sem que tivesse recebido a unção emedebista.
De outro vértice, o povo, passivamente, assistiu a polarização do cenário político entre PSDB e PT; um jogo de trapaça onde quem perdeu foi a nação brasileira. Num cenário de cartas marcadas, as coalisões partidárias protagonizaram o fatiamento dos altos e baixos escalões da república, promovendo o mais assombroso escárnio das entranhas do Estado e o vilipêndio dos bens públicos, ao ponto de aniquilarmos mais de três futuras décadas de prosperidades, haja visto o imensurável rombo nas finanças públicas.
A redemocratização do país fez florescer uma legião de políticos profissionais, os quais se eternizaram no poder, como se possuíssem um poder sobre humano, secular e hereditário. Eles caminham ao abrigo dos vetores constitucionais de 1988 como seres intocáveis fossem, protegidos por uma couraça forjadas nas ligas titânicas extraídas dos princípios e direitos fundamentais, os quais deveriam proteger o cidadão virtuoso contra a arbitrariedade estatal, mas que, em síntese, apenas beatificam aqueles que caminham na contramão da lógica moral e legal estabelecida. Tornaram-se deuses e incólumes ao alcance da justiça.
A secular teoria dos freios e contrapesos, no Brasil, não passa de um eco perdido na imensidão. Não é crível que existam senhores do poder ao ponto de se sentirem ungidos e inatingíveis, ao ponto de impor à nação um jugo sem precedente. Os poderes político e econômico se entrelaçam e controlam os três poderes republicanos, tornando refém aqueles que ousam se levantar contra. Toda espécie de artifício é engendrado para fins outros, exceto o de cunho republicano.
O povo não compreende que o poder a ele pertence e por ele deveria ser exercido, por via da representação. Infelizmente, poucos são aqueles que compreendem o sentido maior da democracia. Tamanha é a incompreensão que uma generosa fatia da sociedade defende regimes totalitários, sem se dar conta que numa democracia o escopo maior é liberdade, princípio este atualmente deturpado, em homenagem ao tudo posso e tudo faço sem me submeter ao império da lei, a qual deveria ser igual para todos, sem distinção de qualquer natureza. Todavia, não é isso que se percebe, visto que ela não se aplica aos canonizados politicamente e que se julgam acima do bem e do mal.
Mas o que esperar de cidadãos que vivem imersos em delírios de uma liberdade desenfreada, chegando às raias da insanidade? Certamente que nada de esmerado e diferente poderia ser. Vivemos um período esquisito, da prevalência do politicamente correto, mas que de correto somente a palavra, acrescido de um exacerbado vitimismo social, forjado nos cadafalsos das ideologias políticas disseminadas, intermitentemente, como um verdadeiro mantra pelos meios de comunicação, os quais parasitam o poder e deixam exercer suas finalidades precípuas de informar, servindo apenas de instrumentos de proliferação de ideias que corrompem os valores morais que alicerçam a sociedade.
Passivamente e deitados em berço esplêndido, nos últimos trinta anos, assistimos a sociedade adoecer e a família, célula mater da sociedade, torna-se uma instituição vulnerável e falida, incapaz de exercer sua missão primária de educar e formar o caráter dos infantes. Inúmeras leis foram votadas com o intuído de fragilizar e deteriorar o poder familiar, ao ponto de um pai ou uma mãe não poder corrigir sua prole, sob o pretexto de gerar sequelas psicológicas. A palavra “não” passou a ser uma blasfêmia no vernáculo social, em decorrência disso criamos delinquentes juvenis que não reconhecem limites e muito menos qualquer tipo de autoridade, porém com amplos poderes para eleger os senhores do poder.
Os sucessivos governos empossados a partir de 1985, sem exceção, partilham de um mesmo viés político-ideológico e cada um, a sua maneira, exerceu forte influência para a deterioração social. Todo estratagema empregado insculpiu uma legião de analfabetos funcionais, mas ávidos por serem tutelados por redentores que conjuram magia, a cada quatro anos, prometendo um paraíso de prosperidades de cotas e bolsas, pouco importando a meritocracia.
Os valores supremos da sociedade, dentre eles o respeito às autoridades e as pessoas e o amor à pátria, se perderam ou são tidos como retrógados. Os cidadãos brasileiros se tornaram zumbis, uma sombra pálida envolta na névoa, uma vaga recordação daquilo que um dia poderiam ser. Não passam de cadáveres sociais de pé, que vivem a ilusão de serem salvos do mar de valores putrefados que se meteram. Não é crível que os cidadãos virtuosos se deixaram abater.
Mais uma vez a democracia nos chama ao dever. É chegada a hora de depositarmos nas urnas, ainda que pairem desconfianças sobre elas, nossa esperança num futuro melhor, mediante a escolha dos nossos representantes.
Sob essa premissa passo a dizer os motivos pelos quais votarei em Jair Messias Bolsonaro.
Primeiro, estou cansado dessa nefasta política de vitimização social; desse maldito politicamente correto; desse desvirtuamento dos valores, onde a vida de um marginal possui mais relevância, em detrimento das centenas de policiais que tombam no fiel cumprimento do juramento de “servir e proteger”; dessa segregação da sociedade entre homos e heteros, negros e caucasianos, ricos e pobres, etc..
Segundo, estou cansado ver o Estado servir para conveniências de uns e outros, ou como instrumento para tutelar o indivíduo ao longo da sua vida. Entendo que o Estado não é um fim em si mesmo, mas um instrumento que deve ser utilizado como fomento da sociedade, cabendo-lhe criar as condições para que cada indivíduo alcance sua dignidade pelas próprias forças, pois não há dignidade maior para o ser humano do que aquela provida pelas suas próprias mãos.
Terceiro, entendo que não é lícito ao governante sacrificar uns em benefícios de outros, utilizando-se da máquina estatal para se autopromoverem e se eternizar no poder. O governante não faz favor a ninguém; ele foi eleito para exercer um múnus para o qual se candidatou; não passa de um súdito da sociedade e não deve ser endeusado, pois se faz algo, não cumpriu mais do que seu dever.
Quarto, estou cansado de me sentir um idiota numa sociedade onde fazer o errado virou certo e o certo virou errado. Sinto-me como um alienígena em minha própria pátria, onde percebo que tudo aquilo que penso ser correto não passa de devaneios meus. Quero um País onde fazer o certo não seja exceção ou motivos para elogios, por parecer que aquilo é extraordinário. O cidadão consciente deve andar conforme a regra não por temê-la, mas simplesmente por compreender que é o correto a ser feito; cumprir as leis é uma obrigação, um dever fundamental.
Quinto, desejo que os brasileiros sejam tratados como iguais, independente da sua opção sexual, gênero (masculino e feminino), crença, raça, procedência ou status social. Aspiro uma sociedade que não seja segmentada em porções menores, de modo a acomodar os múltiplos interesses reciprocamente conflitantes e divergentes, pois a cada afirmação de uma minoria há na mesma proporção a discriminação de inúmeras outras.
É assim que, por exclusão, escolhi Bolsonaro. Tomando a liberdade de expor, brevemente, os motivos pelos quais não votarei nos demais, considerando apenas aqueles com alguma possibilidade de ser votado.
Não votarei em Geraldo Alckmin por não acreditar nas suas propostas, mas, acima de tudo, pela coalisão de partidos que o apoia, além da afinada aliança que possui com o MDB e todo apoio que o PSDB vem dando ao Governo Michel Temer, em nome de uma pseudo-governabilidade, arrastando o país por um mar de excrementos desde 2015. Não obstante, ainda, o forte comprometimento da cúpula do partido em inúmeros processos que se acham na Suprema Corte, cujos indiciados gozam do nefasto foro privilegiado, instituto este que obsta que a verdade venha à tona. Em resumo, Alckmin é mais do mesmo.
Não votarei no Henrique Meirellis por não enxergar nele uma liderança, assim como por entender que suas propostas não são aos mais adequadas, haja visto as inúmeras tentativas de reformas por ele conduzidas, as quais se mostraram engessadoras da economia, além do frontal ataca ao regime previdenciário que, no meu entendimento, possui o escopo de migra-lo para o regime de previdência privada. Não me inspira confiança, sem mencionar que os Caciques do MDB estão imbricados com a justiça e na operação lava jato, desde o Presidente da República ao Presidente do Senado.
Não votarei em Marina Silva por enxergar nela tudo que abomino, ideologicamente falando, aliado ao fato de nunca não se posicionar concretamente sobre certos temas relevantes, prometendo sempre plebiscito. Ademais, como crer numa suposta liderança que jamais se pronunciou ou se posicionou nos momentos agudos, justamente quando o país mergulhava na mais profunda crise da sua história. Por onde andava Marina? Não é crível que alguém que aspira ser a maior autoridade da Nação apareça periodicamente e cheia de ideias revolucionárias.
Não votarei em Fernando Haddad pelos mesmos motivos políticos ideológicos de Marina Silva. Ademais, ele é cria do PT e prega socialismo e comunismo, na perspectiva de tornar o País uma democracia à moda cubana e venezuelana, realçando que Cuba e Venezuela são potências econômicas, cujo modelo não precisa de comentários. Só isto me bastaria para não votar nele.
Não votarei em Ciro Gomes pelos mesmos motivos políticos ideológicos expostos à Marina Silva e Fernando Haddad, soma-se em seu detrimento o fato empreender um discurso populista na vã tentativa de amealhar votos dos menos afortunados ou do espólio do Sr. Inácio Lula da Silva. No meu sentir, Ciro é um “remake” ou reprise de um filme recente ruim que nem mesmo os melhores efeitos especiais são capazes de corrigir; ele personifica a tragédia anunciada.
Não votarei em Álvaro Dias em razão do seu discurso utópico de refundar a república, por insistir nas velhas práticas de bolsas e cotas, como se isto fosse a salvação e, principalmente, por ter transformado a Operação Lava Jato na sua tábua da salvação e tentar colar imagem a pessoa do juiz Sérgio Fernando Mouro. Embora seja ele ficha limpa e tenha, desde a eclosão do mensalão, se tornado a voz denunciadora dos sucessivos escândalos, não me transmite segurança para conduzir a nação. Confesso que ele foi, por algum tempo, uma opção.
Não votarei em João Amoedo pelo simples fato de não concordar com algumas ideias. O Partido Novo é de vertente liberal e prega a minimização do Estado, a liberdade do capital e a autorregulação do mercado. A história nos mostra o que o ideal liberal é capaz de produzir e os efeitos e consequências quando se tem um Estado fragilizado e impotente para reagir frente as crises.
Soma-se a tudo isso, os constantes ataques ao funcionalismo público, como se todos os servidores públicos representassem as mazelas que consomem as entranhas do Estado. Referido discurso induz a sociedade a pensar erroneamente. Ademais, o Estado brasileiro, ao longo de 30 anos, foi articulado e agigantou-se no campo assistencialista. Praticar a minimização do Estado, nesse momento da história, significa remover alicerces. Isto, no atual contexto, é impraticável, pois haveria sérias complicações estruturais. Não obstante, Amoedo, dado o discurso que emprega, não teria condições de governar sem as devidas alianças políticas, o que o conduziria a uma tratativa perigosa ao ponto de nivelá-lo os outros candidatos, face a sua inexperiência política.
Confesso que comungo de inúmeras propostas e princípios do Partido Novo, especialmente admiro a pessoa do Candidato, por sua trajetória de vida pessoal e profissional. Todavia, para a atual conjectura, entendo que não seria a melhor escolha, pois o país necessita por ordem no caos. Em minha opinião, João Amoedo é o remédio que precisaremos em duas ou três eleições, quando não mais existirem temores a nos rondar.
Por fim, votarei em Jair Messias Bolsonaro por entender que ele é o único com condições de por ordem no caos, dado ao seu perfil energético. Se me perguntarem o que penso do seu preparo, certamente responderei que não está preparado, assim como todos que o antecederam não estavam. Confesso que ele nunca foi minha opção, porém prefiro alguém que diga que não entende de economia do que aquele que mente descaradamente; gosto do sua autenticidade ou “sincericídio”, pois é melhor que me fira com a verdade a me enganar com a mentira. Detesto meias palavras ou escolhas das mesmas para camuflar o que realmente se pensa.
Ademais, um líder não é aquele que sabe de tudo e sobre tudo, mas aquele que consegue reunir pessoas capazes e convencê-las de um objetivo comum. Como Capitão do Exercito Brasileiro acredito na sua capacidade de liderar. Ainda que a ele se atribua inúmeras pechas, nenhuma dela é suficiente para desconstruir sua identidade e sua autenticidade.
Jair Messias Bolsonaro é, a meu juízo, a pessoa capaz de suportar o jugo e por o país novamente em marcha, preparando o solo para futuras sementes. Certamente cometerá erros, mas acredito que nenhum que venha a nos desonrar frente a outras nações. Se eleito, rogo para que cumpra fielmente o que propôs, especialmente, no que tange ao resgate dos valores familiares e patrióticos e a crença no Supremo Criador, mas, acima de qualquer coisa, abstenha-se de qualquer política segregatista.
Por fim, não nos esqueçamos de que o Presidente da República não governa só, mas em cooperação com o Congresso Nacional. Então vamos escolher criteriosamente nossos Senadores e Deputados Federais.
Espero ter contribuído, aproveitando para externar meu respeito a quem pensa diferente, afinal a democracia é feita a partir da pluralidade de pensamentos divergentes. Lembremo-nos: “Se ergues da justiça a clava forte, verás que um filho teu não foge à luta”.
Informações Sobre o Autor:
Miqueas Liborio de Jesus.
Auditor Fiscal do Município de Joinville (03/1998), ex Membro julgador da Junta de Recursos Administrativo-Tributários do Município de Joinville, Professor das cadeiras de Direito Tributário I e II, do Curso de Direito da Associação Catarinense de Ensino (ACE), Bacharel em Ciências Jurídicas (Direito), pela Universidade da Região de Joinville (Univille), aprovado no exame da OAB em 2006 e especialista em direito tributário pela FGV.
4 Comments
porque eu vou vota no jair Bolsonaro gente chega de pesar que o Brasil e pequeno o Brasil merece respeito é eu sou patriota minha bandeira e verde é amarelo é ponto final.
Prezada Lucimar.
Agradecido por comentar.
O Brasil nos clama por nosso préstimos. Juntos corrigiremos o curso da história.
Um forte abraço
Belo texto. Coerente, imparcial e didático.
Diferente fosse, seria alvo de patrulhamento imediato. A questão central ainda é a mesma. TFP Tradição,Família e Propriedade agora maculada por 20 anos de esquerda.Votarei em Bolsonaro por motivos semelhantes. Urge que nos manifestemos. A queda de braço que definirá o vencedor e o caminho é agora. O mal não quer ir embora.
Estimado Braulio.
Grato pelo comentário e pelas lisonjeiras palavras.
Precisamos no unir para combater este flagelo que nos consome e deturpa nossos basilares valores familiares e sociais.
Juntos podemos mais.
Um forte e fraterno abraço.
Miqueas