O domingo amanheceu chuvoso e bucólico. Como de costume enrolei na alcova até próximo ao meio dia. Sobreveio o desjejum e a velha companheira encostou: a preguiça; fui acometido de pensamentos impróprio e desvaneios carnais.
Para afastar a tormenta, entreti-me na leitura. Quando me dei conta o fim tarde anunciou sua chegada, mas os desejos insistiam em rondar. Procurei refúgio na fortaleza do Altíssimo.
Atentamente ouvi a homília, mesmo não sendo um religioso fervoroso. Uma bela mensagem e reflexão me foi oportunizada. Ao final, senti-me leve e os demônios libidinosos se evadiram.
Ao sair deparei com um imenso desaguar. Desprovido de cobertura para ir até o carro fui ao sacrário. O lugar estava pouco iluminado e a luz mais resplandecente ingressava a partir da porta…
O som da chuva retinia no domo. Com um rápido olhar observei o salão e a frente percebi uma silhueta feminina. Ela trajava um vestido preto que marcava suas curvas, porém encobertas pelos longos cabelos negros e soltos ao longo das costas. Sentada, estava curvada e segurando um rosário, parecia rezar.
Minha sombra se projetou recinto adentro. Minha presença foi notada. A Distinta lentamente levantou a cabeça, girou o pescoço 180° à esquerda e com seu olhos verdes fitou-me. Um arrepio correu pela espinha e minhas pernas tremeram…
Perecendo perceber meu desconcerto, advindo da minha busca pela comunhão, ela seguiu sua prece. Permaneci em silêncio contemplando as peças que adornavam o ambiente e ouvindo o som que ecoava, porém torcendo para a chuva cessar.
Ao dirigir-me à porta ouviu a voz suave que ecoou, parecendo murmurar: Senhor! Quer deixar o celular?! Fiz-me de desentendido e sai.
Agora cá estou a pensar: Seria o capiroto a me tentar ou seria as preces dela sendo atendidas? No resumo, acho que não entendi a parte do sermão onde o Sacerdote disse: “ides, crescei e multiplicai-vos…”