Um apontamento de um amigo, cujo nome tomo a liberdade de preservar, acerca do post sobre a “Obra do Rio Mathias” (https://www.miqueasliborio.com.br/obra-do-rio-mathias/). Uma reflexão sobre a “Veneza catarinense” como ele mesmo denominou…
[…]. Li sua resenha sobre o transtorno urbano relacionado à obra do rio Mathias! […], suponho que esperas algum retorno meu. O que posso te dizer é pouco, mas vou me esforçar para alcançar alguma coerência…
Seguinte: Vim morar em Joinville em 2008, ano que meu caçula nasceu. Anteriormente a isso, eu já sabia que a cidade era vítima frequente de inundações, não só pelas chuvas, mas como também pelas cheias do mar. Morando aqui, entendi que a cidade foi paulatinamente sendo construída sobre um terreno plano pantanoso, no nível do mar. Os rios que tecem suas malhas aqui são sujeitos aos bidiários ciclos da maré.
Sim, em dias de sol, conseguimos observar quatro tempos no rio cachoeira! 2 com água escorrendo lentamente para a Babitonga, 2 com fluxo invertido. Esse fluxo invertido, quando em épocas lunares de maior influência, reverte águas para segmentos mais altos do rio e invade seus afluentes.
Temos aqui, por ora, e com ressalvas das comparações, uma Veneza catarinense, ou uma pequena Holanda! Dado que, parece não ser viável elevar todas as vias públicas mais baixas (as do centro), suas calçadas e o chão das construções todas; Dado que, uma obra de contenção de grande magnitude, como os diques holandeses, também está fora do orçamento; E, finamente, dado que é politicamente e socialmente humilhante desabitar e abandonar as áreas baixas da cidade! Resolve-se que, uma obra de alargamento em um rio central será uma solução para o escoamento do excedente de águas fluviais e pluviais! Mas isso não altera e não alcança os planos da natureza dos fluidos. A lua continua exercendo sua força! E, como tal, vai mandar água acima como sempre por aqui. Um canal largo aberto no leito do rio, nessa hora, vai é aumentar a velocidade do transbordo, isso sim.
Ah, ouvi em algum momento que seriam instaladas comportas de bloqueio para o fluxo reverso…. sério?!?! Isso é caro, isso depende de monitoramento constante e de gente especializada!!! Há comportas para evitar transbordo no Tâmisa. Lá mesmo, há dúvidas se aquilo tem funcionalidade. Daí, vamos voltar para cá!
Sabes o horário exato da maré alta em Joinville? Eu não. Já pesquisei e sabes o que encontrei? O horário da maré em São Francisco do sul. A marinha faz o seu trabalho! Tá bom. É igual aqui? Não. Como fazem? Tem atribuído mais 1/2 hora aos picos de São Chico para o que ocorre aqui…Arcaico. Chega a dar dó… Os valores são copiados das estações próximas, não são próprios…
Fico quase sem palavras para isso, mas houve e está havendo uma edificação em cima de um castelo de areia. Ponho em discussão a necessidade dessa obra! Ponho em discussão os planos de extensão da cidade por cima de áreas baixas pantanosas! Ponho em discussão um plano de abandono generalizado da ocupação das áreas baixas!
E esse rio, que não fez nada de errado!!!”